Olá, amores!
Mudança de governo, guerra no cenário internacional, inflação e recessão econômica. Esses são alguns dos desafios que assustam o empresariado brasileiro nesse início de ano. Em um cenário como esse, a reação mais comum é a de responder à incerteza econômica com corte de gastos, em vez de defender mais investimentos. Contudo, é o momento de repensar essa dinâmica.
Como alternativa, a tecnologia se mostra um forte impulsionador da transformação do negócio e da sociedade, além de um aliado para a sobrevivência empresarial no ano que está começando.
De acordo com uma pesquisa da McKinsey & Company, se o mercado continuar no mesmo ritmo das últimas décadas, 75% das grandes empresas que estão no S&P 500 – maiores empresas americanas que equivalem a cerca de 80% da capitalização total – sumirão e se tornarão irrelevantes até 2027.
O enfoque do investimento digital tem se transformado cada vez mais, na medida em que a tecnologia tem um papel mais importante em entregar valor para a organização. Dessa forma, repensar o modelo de negócio em torno de uma abordagem mais digital é criar uma nova vantagem competitiva e até novas propostas de valor.
Então, a questão é: é possível passar a enxergar os investimentos tecnológicos, saindo de um ponto de vista de corte de gastos, para um olhar de geração de receita em tempos de crises?
Foco, propósito e coragem não são os únicos elementos necessários para alcançar essa mudança. É preciso estabelecer uma estratégia que não exclua os ecossistemas externos, os quais evitam desperdiçar recursos e os habilitam a uma política orçamentária focada em características próprias da companhia e que possa garantir maior flexibilidade e mais investimentos.
Atualmente, as empresas que mudam o seu formato de trabalho e se adaptam para modelos mais abertos de negócios se tornam mais ágeis e assertivas. 2023 seguirá evoluindo e o tradicional modelo de sourcing será cada vez mais superado pelo crescimento e adoção de um modelo de organização de um ecossistema tecnológico. Nesse sentido, algumas tecnologias serão impulsionadas.
Uma delas são as APIs (Interface de Programação de Aplicação), que têm um importante papel na criação de uma arquitetura colaborativa, capaz de gerar novos modelos de negócios baseados em ecossistemas. Ao compartilhar recursos de parceiros e terceiros, é possível obter flexibilidade e foco nos investimentos necessários para enriquecer a experiência do cliente, possibilitando a monetização de forma inovadora.
Nesse caminho, também temos os dados, cuja gestão não está voltada apenas para a visão holística e transparente da performance do negócio, mas também pode ser a base para a evolução da proposta de valor. Além disso, representam o ativo principal nas mãos das empresas, já que podem ser monetizadas, representando um ótimo exemplo de geração de receita.
Pensando em nível nacional, o digital é uma das principais alavancas políticas nas mãos do governo para apoiar o desenvolvimento do Brasil. Hoje, os dados justificam como o digital tem o potencial de aumentar a produtividade e inovar a cadeia de geração de valor a partir de novos modelos de negócios.
Outra alavanca de políticas sociais são as redes de banda larga de alta velocidade, que fornecem aos indivíduos e empresas acesso a serviços educacionais e governamentais, que ajudam a diminuir a desigualdade, uma premissa fundamental para qualquer desenvolvimento econômico e social. Em 2023, o 5G, tendência tecnológica do ano, tende a se espalhar cada vez mais pelo País e pode ser um diferencial para as empresas.
Neste sentido, o governo tem um papel central como legislador e como entidade econômica, e precisa democratizar e desburocratizar as aplicações em tecnologia para incentivar que os empresários foquem no Brasil, a fim de que as competências tecnológicas nacionais sejam desenvolvidas, ao invés de comprar tecnologia embarcada do exterior. Aí entra a necessidade de fomentar parcerias com instituições de ensino para capacitar talentos, o que é necessário para recebermos incentivo e sairmos de um PIB baseado em commodities.
Ainda em busca de agregar valor, um caminho possível é reforçar políticas de Open Government e Open Data, que são necessárias para as empresas usarem dados públicos para formar ecossistemas abertos e acelerar a economia. Neste sentido, dados e API, já citados anteriormente, continuam atuando como tecnologias habilitadoras para o governo.
Como tudo acaba sendo uma mudança cultural, as empresas que ainda veem a tecnologia como um elemento e não uma parte fundamental da sua cultura devem repensar o seu formato de trabalho, pois ela é o caminho para gerar vantagens competitivas, além de novas propostas de valor e modelos de negócios.
Em 2023, cabe às organizações e ao governo entenderem que a presença de uma oferta digital, assim como uma infraestrutura adequada, são elementos fundamentais para tornar o país mais atrativo para investimentos e superar um momento de recessão. O resultado é a valorização de nossa moeda, o controle inflacionário e, por fim, um mercado pujante e próspero.
*Filippo Di Cesare é CEO Latam da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital.
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