A relação dos adolescentes com jogos de apostas pode se tornar complexa e preocupante. Casos de adolescentes endividados em razão das bets, as apostas online, têm se tornado cada vez mais frequentes. O pagamento de apostas por pessoas menores de 18 anos costuma acontecer de diversas formas, sendo as mais comuns via PIX, cartões pré-pagos, cartões de crédito e aplicativos de pagamento que permitem transferências rápidas.
“Por serem menores de idade, quem acaba se responsabilizando pelas dívidas decorrentes do descontrole do valor gasto em apostas online são os pais e responsáveis, já que muitos usam meios de pagamentos vinculados aos deles. Por essa razão, o impacto do valor gasto pela faixa etária entre 14 e 18 anos nessas plataformas na saúde financeira das famílias requer atenção. Além de questões emocionais, esse descontrole pode se dar por não terem uma relação saudável com o dinheiro”, observa Camila Poltronieri Flaquer, head de Cobrança Digital da Recovery, empresa do Grupo Itaú e líder na compra e gestão de créditos inadimplentes no Brasil.
Segundo um estudo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2024, no Brasil, 71,7% dos estudantes de 15 anos não conseguiam fazer cálculos de um orçamento. A maioria também não entendia como funcionam os empréstimos nem sabia analisar extratos bancários.
Isso reforça a importância de educar crianças e jovens a usar conscientemente o dinheiro, visto que são hábitos mais fáceis de serem adquiridos cedo. “Ensinar educação financeira para adolescentes é fundamental para que eles desenvolvam uma relação saudável com o dinheiro desde pequenos”, aponta a especialista.
Confira a seguir algumas dicas práticas que os pais podem seguir para aprimorar a educação financeira dos adolescentes:
- Converse abertamente sobre dinheiro - Crie um ambiente onde falar sobre finanças seja natural. Em supermercados e lojas, comente o valor dos itens que costumam consumir e esclareça a importância de fazer boas escolhas para gerenciar bem o orçamento familiar. Comente, por exemplo, se o valor de um item está mais caro e apresente alternativas que sejam adequadas à realidade financeira de vocês.
- Dê o exemplo - Demonstre hábitos financeiros saudáveis no dia a dia. Mostre como você planeja despesas, economiza e prioriza gastos. Explique, por exemplo, que é necessário primeiro separar uma quantia para despesas essenciais como água, luz e alimentação e, só depois, investir em momentos de lazer e afins.
- Crie um orçamento simples - Ensine-os sobre a importância de todos os membros da família contribuírem com o orçamento mensal. Elabore uma planilha ou use um aplicativo simples de celular para mostrar como podem controlar as receitas (mesada ou trabalho) e as despesas (transporte, alimentação e lazer) pessoais. Converse com frequência sobre se estão conseguindo equilibrar o orçamento e ajude-os a resolver dúvidas.
- Incentive que realizem sonhos - É comum adolescentes desejarem comprar um item de vestuário que não possui, um celular novo ou um ingresso para um show com os amigos. Incentive que economizem, sempre que possível, para atingir esse objetivo. Explique o quanto deveriam economizar para cumprir esse objetivo e, quando conseguirem, celebre. Isso reforça comportamentos positivos e mostra a importância de ter metas.
- Estimule a reflexão sobre escolhas financeiras - Após compras, incentive-os a refletir sobre as decisões que tomaram. Pergunte se foi uma boa compra e o que poderia ter sido feito de diferente. Aproveite para ajudá-los a diferenciar entre o que realmente precisam e o que desejam. Esse entendimento é fundamental para incentivar um consumo consciente (algo essencial para evitar gastos por impulso).
- Oriente o que fazer se gastaram mais do deveriam - Esteja sempre disponível para ajudar, caso o orçamento saia do controle. Comente o que são dívidas e como os juros funcionam. Use exemplos práticos, como cartões de crédito, para ilustrar os riscos de não pagar em dia, visto que na fatura de pagamento geralmente há indicações sobre tarifas e juros por pagamento em atraso. Planeje a quatro mãos um plano de economia para colocar o orçamento em dia e evitar novas dívidas.
“Ao implementar essas estratégias, os pais e responsáveis podem ajudar os adolescentes a desenvolverem habilidades financeiras que serão valiosas ao longo de suas vidas. A chave é manter o diálogo aberto e encorajar a prática contínua. Assim, caso ocorra algum descontrole, será viável avaliar se foi uma falha na gestão do dinheiro disponível ou alguma questão emocional. Se for, vale procurar uma ajuda de um especialista”, conclui Camila.
Sobre a Recovery
A Recovery é uma empresa do Grupo Itaú e plataforma focada em recuperação de crédito no Brasil. Líder de mercado, a companhia possui sob sua gestão mais de R$ 150 bilhões de créditos inadimplidos e, atualmente, mais de 35 milhões de clientes com dívidas ativas em sua base. Mais informações em https://www.gruporecovery.com
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