Hoje a coisa mais comum é encontrar familiazinhas adesivadas nos carros. Antes encontrávamos aqueles adesivos de “manhã, tarde e noite”, que na seqüência eram: surf, bebida e sexo. Como se pode conferir, este último foi sucesso somente para o público mais jovem, mas o adesivo das famílias é um vírus que não escolhe público.
São sentimentos tão verdadeiros quanto contraditórios, gerados no mesmo ambiente. Num divã, por exemplo, quais são os assuntos exaustivamente discutidos? Vou dar uma dica para quem nunca fez terapia: família, amor e trabalho. Sendo que para qualquer questão a raiz da pendenga está na família. Há quem odeie a família e diga arrogantemente: “vou me casar com ela e não com a família”. Há famílias das quais nos orgulhamos de fazer parte, como meu futebol de domingo. Há também a família em que nascemos, sem possibilidade de escolha, e os adesivos referem-se a esta, que chamarei de “família raiz”.
A diversidade da composição das famílias é um capítulo a parte, divertido de ver. Num adesivo há apenas uma pessoa e vários cachorros – a família raiz deve ser complicada, ou ela é de difícil convívio. Nestas famílias, os pets receberam realmente um lugar de honra. Já ouvi histórias de bichos que ficaram com herança de seus solitários donos, hoje alguns tem convênio médico, outros, mais humanizados, têm lugar na mesa e na cama, alguns tem babás, jóias, nome de gente, etc. Os adesivos mostram que os pets ocupam um lugar na família exatamente como filhos legítimos. Estes bichos encantadores realmente merecem mais do que vídeo cassetadas.
Em outros adesivos, há um menino e uma menina com um coraçãozinho – aqui é uma declaração de planos uma declaração de amor, ou uma declaração de posse: este (a) já tem dono (a)! Há adesivos de famílias imensas, será que este sujeito ainda está gerando filhos para ajudar na colheita?? Ainda estão por vir os adesivos dos objetos da família, objetos que são tão queridos quanto os pets, a televisão (ou controle remoto), o celular, ipad, a geladeira…
Com o trânsito parado a história poderia ir longe, eu prefiro parar por aqui…
Por Vinícius Moura