Olá meus amores!!
A colaboradora desta quarta-feira é a Luli do blog Café com leitura na rede.
Animais Noturnos
Tony & Susan de Austin Wright é um thriller dos bons que deu origem ao filme Animais Noturnos de Tom Ford.
Quando falamos de uma adaptação a comparação é inevitável, mas aqui as diferenças são poucas: No livro Susan dá aulas de inglês na faculdade, no filme Tom Ford a transforma em uma proprietária de galeria de arte.
Já seu segundo marido além da profissão (muda de médico para empresário) também muda de nome (de Arnold para Hutton).
A confluência entre os dois mundos vividos pela protagonista – o do livro de Edward e a vida real é mais profunda e os elementos para a história pregressa do casal são mais ricos do que no livro.
Além do apuro estético do diretor, a película traz situações que não estão presentes no livro - como conflitos e questionamentos éticos.
A essência da trama, porém, é a mesma: Susan recebe um manuscrito de seu primeiro marido, Edward, e durante a leitura, passa a questionar as decisões tomadas no passado.
O livro que Edward envia para Susan tem a seguinte sinopse:
Tony, um pai de família viaja à noite com a mulher e a filha, no caminho encontra três sujeitos nada amigáveis e uma desgraça acontece. Tony, o único sobrevivente, passa os dias seguintes imaginando o que poderia ter feito para mudar o desfecho da história, oscilando entre a vontade de seguir em frente e de matar sua sede de vingança.
O dinamismo e tensão constantes no filme são vistos por cortes e ruídos, que tiram Susan da ficção e a trazem de volta para a realidade.
Quando ela começa a ler, nós também entramos na história do livro, ao mesmo tempo em que conhecemos por meio de flashbacks o passado dos dois.
A partir daí, temos três linhas narrativas: Susan no presente, o livro a partir do olhar dela e flashbacks do passado, que se desdobram em inúmeras possibilidades e várias camadas.
Nada está ali por acaso, assim como em um quebra cabeças onde cada peça está exatamente onde deveria estar e nenhuma outra se encaixa tão bem ali.
Nada está ali por acaso, assim como em um quebra cabeças onde cada peça está exatamente onde deveria estar e nenhuma outra se encaixa tão bem ali.
Não existe obviedade e o desdobramento das camadas se dá com perfeição quando se precisa mostrar que algo de uma trama se reflita na outra.
A pergunta que não quer calar é: será que Tony e Susan conseguirão aplacar a raiva e fazer as pazes com o passado para poderem finalmente viver em paz consigo mesmos?
Jake Gyllenhaal (Edward/Tony) está perfeito.
Amy Adams como Susan também.
O grande destaque porém é Michael Shannon, cujo personagem age como impulsionador do conflito central na trama e que apesar de parecer linear, não é, já que tira vários personagens do caminho óbvio.
“Animais Noturnos” é para ser assistido com calma, faz refletir, dá abertura para debates e, no final, siiiiiiim, ele toma partido.
E você leitor, qual o lado da história você ficará?